Foi ao longo das serras que a mineração, no período colonial se deu principalmente, e foi aí que em consequência os núcleos urbanos se formaram. Com a enorme quantidade de minerais e pedras preciosas que se obtinham a região era muito solicitada pelos colonos que buscavam riquezas. Com eles trouxeram suas receitas, sua cultura gastronômica, mais com o alto custo da importação do trigo e demais ingredientes muito utilizados em suas receitas, tiveram que adaptar-se aos ingredientes locais, por exemplo a farinha de mandioca, o polvilho derivado também da mandioca entre outros, suplementaram as farinhas tradicionais, cobrindo a necessidade dos colonos.
As cozinheiras das fazendas mineiras da época preparavam biscoitos de polvilho para os senhores, uma receita portuguesa, preparada com farinha, leite e ovo, eram servidos na quitanda. Para o mineiro, quitanda é tudo o que é servido com o café. O biscoito de goma e queijo deram origem ao pão de queijo.
O queijo na cozinha mineira é e sempre foi protagonista, presente no dia-a-dia de qualquer mineiro, foi muito utilizado no contrabando de metais e pedras preciosas no século XVIII, e com o crescimento da produção de queijos na região sem dúvida fez parte da a fundação do território do estado de Minas Gerais.
O estado de minas sendo um estado de forte tradição pecuarista, deu início a sua indústria de laticínios já no final do século XVIII, aproveitando o leite das vacas para fazer um queijo branco, fresco e em forma de disco que passou a ser conhecido com o nome de Queijo Minas. As bases da sua preparação são oriundas de Portugal, das tradições da serra da estrela, com adaptações à realidade geográfica e social do pais na época.
Com a chegada dos imigrantes dinamarqueses na metade do século XIX deram início a primeira região de produção de queijos finos, no sul do estado nas montanhas da região.
Mesmo assim os queijos tradicionais e regionais não perderam sua importância, chegando a ser reconhecidos como patrimônios culturais imateriais do estado, inclusive um selo concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) que reconhece sua procedência geográfica. Cada região produtora de laticínios apresenta especificidades de clima, relevo e solo que interferem no tipo de bactérias lácticas que produzem o soro que são responsáveis de conferirem os distintos sabores a cada queijo.
O próprio fazer do queijo movimenta culturalmente e socialmente cada região, cada município e confere uma marca particular a cada território. A sofisticação das receitas básicas e o crescimento da produção, levaram a evolução no preparo dos diversos pratos e quitutes, como um reflexo das condições de cada época. O queijo passou a ser incorporado em várias receitas, broas, biscoitos entre outras, dando origem assim ao pão de queijo.
O pão de queijo é uma das maiores e mais gostosas tradições da culinária mineira. Tradicionalmente servido com o clássico cafezinho mineiro adoçado com rapadura e passado no coador de pano.
O pão de queijo não é tecnicamente um pão, não usa nenhum tipo de fermento, ele é tecnicamente um biscoito. Mas como ele adquiriu um valor tão grande cultural e social que se dá a ele o nome de pão.
Na região muitos lugares ainda amassam o pão de queijo a mão, adicionando amor e carinho. Também se encontra recheado com presunto, queijos, salame, doce de leite ou geleias.
Então vamos a receita!
Precisamos de um quilo de polvilho, um copo de agua, um copo de óleo, muito queijo ralado, seis ovos, leite e manteiga para untar.
Para preparar primeiro colocamos para ferver a agua e o óleo juntos, misturamos o polvilho com a agua e o óleo, adicionamos os ovos e um copo de leite, misturamos tudo formando uma massa homogênea e juntamos com o queijo ralado, amassamos e formamos com as mãos pequenas bolinhas, colocamos na forma e levamos ao forno por aproximadamente 25 minutos. E pronto, servir com um cafezinho!