Podemos observar a semelhança com o cozido português um prato típico juntando carnes variadas e feijão (branco), ou com o “cassoulet” originário da França, em que vários ingredientes são cozidos todos juntos na mesa panela.
Os séculos 16 a 18 na Europa foram marcados pela escassez de alimentos, nessa época não podia haver desperdícios. Assim foi como se originarão alguns dos pratos típicos europeus, como a paella, o chucrute ou o cassoulet.
A feijoada também sofreu a escassez de alimentos e com a problemática da importação dos ingredientes usados pelos senhores patrões europeus, pelo seu alto custo e dificuldade de transporte da época, surgiu a necessidade de adaptação ao que eles tinham acesso localmente.
Erroneamente se conhece como origem da feijoada, como um prato elaborado pelos os escravos africanos que aproveitavam as sobras de comida da casa-grande, que incluíam partes descartadas do porco, como os pês, orelhas, joelho e rabo, combinando com seu cozido de feijão preto, milho e algumas frutas. Esta versão tem sido descartada por historiadores e estudiosos já que teriam duas controvérsias importantes a levar em conta. A primeira seria a questão religiosa, já que consideramos a maioria dos escravos africanos terem sido de religião muçulmana e assim terem como pecado e proibição comer porco, além, podemos acrescentar a segunda controvérsia que naquela época as partes do porco que eram descartadas na realidade seriam partes não consideradas menos nobres e seriam bem disputadas até porque a carne não era alimento comum nem mesmo na mesa dos senhores. Assim que podemos afirmar que a famosa origem novelesca com jeitão de Escrava Isaura seria completamente falsa. A verdade é que a dieta dos escravos e dos senhores nem eram tão diferentes. Ricos e pobres comiam basicamente a mesma coisa, um angu feito de farinha de mandioca e agua, carne-seca, feijão, milho e frutas como coco e banana.
Apontando então a combinação dos pratos típicos europeus, africanos e nativos sul-americanos, como os predecessores da famosa Feijoada.
Temos como ingredientes o feijão preto originário da América do Sul, chamado pelos guaranis de comanda, comaná ou cumaná. A farinha de mandioca também tem origem americana. Sendo assim adotados como componentes básicos na alimentação dos europeus e africanos que vieram para o Brasil.
Em torno das residências, principalmente das classes populares se acostumava plantar roças de feijão e mandioca.
Os acompanhamentos que hoje em dia se usa para a feijoada como a laranja, arroz branco e a couve refogada somente seriam incorporados no século 19.
Assim que podemos confirmar que a origem da feijoada vem da diversidade e da mistura de cultura, costume culinárias e ingredientes europeus, africanos e nativos sul-americanos.
O que sim podemos confirmar é que a feijoada teria se desenvolvido no século 19 em restaurantes cariocas, posteriormente tratada como símbolo da gastronomia brasileira e constituindo-se como um símbolo da cultura popular do Brasil.
Uma feijoada completa é tão local quanto a Baia da Guanabara
Rio de Janeiro é considerado o berço da feijoada, com sua cultura do samba, suas famosas praias e seu reconhecido carnaval, fazem do Rio um dos lugares mais frequentados por turistas nacionais e internacionais.
O restaurante conhecido e mais concorrido da época seria o “G. Lobo” do famoso mestre Lobo, quem teria a melhor feijoada da capital carioca, nascendo assim a cultura combinada da feijoada com o samba e a caipirinha. Historiadores afirmam que Mestre Lobo não inventou a feijoada, somente logrou uma combinação dos pratos internacionais e nativos brasileiros que foi evoluindo com o passar do tempo e com a globalização e a melhoria ao acesso aos ingredientes e receitas mundiais.
Hoje em dia, a feijoada, o samba e a caipirinha são consumidos juntos como parte do folclore brasileiro. Servidos em todos os restaurantes do brasil.
A receita da feijoada é bem simples, sua preparação é lenta.
Vamos com a receita: precisamos de 1kg de feijão preto, carne seca, orelha de porco, pé de porco, rabo de porco, costelinha de porco, lombo de porco, paio de porco, linguiça portuguesa. Para o tempero precisamos de 2 cebolas grandes picadinhas, 3 cebolinhas verdes picadinhas, folhas de louro, dentes de alho, cheiro verde, pimenta, sal, laranjas e um pouco de pinga. Para o acompanhamento arroz branco e farofa.
Pique as carnes (carne-seca e carne de porco) em pedaços, pique a costelas, a salgada e a defumada, seguindo as ripas e corte-as em dois pedaços cada uma. Pique os pés em quatro pedaços, pique os rabos em pedaços. As linguiças deverão ser fatiadas em rodelas, retire antes a pele.
Lave as carnes em água corrente e cozinhe-as, separadas a carne seca e a costela defumada, em bastante água.
Carne seca: 40 minutos de panela de pressão.
As demais: carne de porco, costela salgada, 20 minutos. Pés e rabos podem ser cozidos juntos, por 20 minutos. A costela defumada deve ser cozida separadamente por 20 minutos.
As linguiças (calabresa, portuguesa e paio) podem ir juntas ao fogo, já cortadas, numa panela tapada, com dois copos d'água, e cozidas por 15 minutos.
Depois de tudo cozido, carnes, rabos, pés, costelas e linguiças, escorra a água do cozimento, e reserve tudo.
Feijão: lave e cozinhe-o em panela de pressão por 25 minutos.
Junte tudo numa panela grande, carnes, linguiças e feijão, acrescente dois litros de água fervente. E deixe cozinhar por 30 minutos. Mexa de vez em quando para não queimar no fundo. Durante o cozimento, o caldo deverá engrossar. O feijão e as carnes amolecerão, chegarão ao ponto.
Retire uma cuia de caldo para fazer o molho, e reserve no canto da pia. Prepare o tempero da feijoada: alho picado, frito na gordura do bacon, cebola dourada na mesma gordura, e jogue tudo no panelão.
Acrescente o louro, deixe apurar um pouco e meta lá o cheiro verde picado. Tá pronta a feijoada, a consistência ideal é de lava.
A couve deve ser picada como fio de cabelo, fininha, e refogada de leve com gordura de bacon, um tico de sal para dar gosto, e é só.
Aquele caldo que você deixou de lado, vai virar molho acrescente o arroz branquíssimo para contrastar com o feijão, e bom apetite.